Like a Virgin

Carlinhos desde sua mais tenra idade, manifestava o impulso de sentir-se livre das roupas, de correr nu pela casa, pelo quintal e assim ia pela rua, isso seguia até que sua mãe o repreendesse, acontecia constantemente, dava-lhe um beliscão no braço, um tapa na bunda e um sonoro esporro, terminando com uma discreta pergunta “... Você quer que o pessoal da rua pense que você é um VIADINHO?” Carlinhos não conseguia se controlar, quando chegava da escolinha na hora da troca de roupa a cena se repetia, isso durou muito tempo, e finalmente sua mãe, dona Margareth conseguira reprimir esse impulso nudista. Carlinhos não era filho único, mas era o caçula, e cresceu mimado e com muitos traumas, um deles, era o receio de tomar banho com o basculante do banheiro aberto, sempre se cobria tinha medo de ser visto nu. Aos 12 anos ele não queria mais sair de casa, tinha medo de ser ridicularizado novamente como no dia anterior, quando todos os alunos da escola, após a aula de educação física, zombaram dele porque não queria tomar banho, na frente dos amigos, ele não explicou o porque, mas estava com seu pintinho enrijecido, um coleguinha percebeu e contou aos outros, e todos riram e o chamaram de “viadinho”, um enorme coro de crianças gritando VIADINHO, VIADINHO, VIADINHO; e essa palavra ecoava, ficava perpetuando na mente de Carlinhos, lembrava de sua mãe perguntando numa enorme e estranha montagem, com remix, e samples de dar inveja ao Dj Malboro, em sua cabeça, “... Você quer que o pessoal da rua pense que você é um VIADINHO..DINHO..DINHO?” sua vontade era de se esconder do mundo, enfiar a cabeça num buraco, alternando por pensamentos de esmagar todos, um por um. Mas ele correu dali, foi pra casa, onde descansou e não contou pra ninguém o que sucedera. Os problemas de ansiedade que eventualmente transtornavam o rapaz, que agora tinha seus 13 anos, sumiram quando sua mãe cedeu a ele um dos comprimidos que ela mesmo tomava, receitado pelo Médico, ele se acalmava, e sentia-se bem, tinha que tomar diariamente um comprimido da caixa de tarja preta para sentir-se bem... Passado algum tempo, seguindo sua vida tranqüilamente, estava bem, e na faculdade, onde cursava Indumentária, era agora um robusto rapaz (gordo), considerado um “nerd”, gostava disso, entendia de tudo, não tinha amigos, não tinha vida social, voltava todo seu tempo para a leitura, lia de tudo, se interessava por muita coisa, desde Biologia Marinha a Filosofia; Carlinhos agora era feliz. A historia poderia muito bem ter parado por aqui, mas ontem Carlos faleceu, achou que não teria problemas ao deixar de comprar o remédio, pois decidiu economizar, queria ver o show da Madona...