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  • terça-feira, 21 de abril de 2009

    "MULA SEM CABEÇA"


    A mula-sem-cabeça é um personagem de uma lenda do folclore brasileiroque possui corpo de eqüino e uma tocha de fogo no lugar da cabeça. Deacordo com a região do nosso país pode haver variações na nomenclaturautilizada, podendo ser chamada de: “Mulher de Padre”, “Mula de Padre”,“Mula Preta”, entre outros. Entre as diversas descrições que existem écomum atribuir à mula-sem-cabeça as seguintes características: - suacor é sempre marrom ou preta; - não possui cabeça, mas sim uma tocha defogo no lugar; - traz, nos cascos, ferraduras de ouro ou de prata quefazem um enorme barulho; - relincha muito alto podendo ser ouvida hámuita distância; - costuma imitar gemido humano; - só aparece altashoras da madrugada e dá preferência às noites de quinta e desexta-feira quando faz lua cheia; Como é comum às histórias popularesnão se sabe ao certo quando nem em que região brasileira surgiu essalenda. O certo, é que é uma história contada com o firme intuito deassustar as meninas e moças dos povoados brasileiros desde os primeirosséculos. Dessa forma os pais buscavam manter, por meio do medo, ocontrole das filhas e a garantia da manutenção de princípios morais. A versão mais conhecida e tradicional da lendaconta que, há muitos anos uma jovem e um padre de um arraial dointerior do Brasil, se apaixonaram e tiveram um relacionamento amoroso.Como castigo pelo pecado cometido recaiu sobre a moça uma maldição quea condicionou para todo o sempre a transformar-se, em determinadasnoites, em uma terrível mula de cabeça de fogo que sai pelas ruas“cumprindo o seu fadário, a correr desabaladamente, ao fúnebre tilintarde cadeias que arrasta, amedrontando os supersticiosos” (Aurélio,2004). Acreditam então, os mais supersticiosos, que sempre que, emalgum lugar, uma mulher e um padre tiverem um relacionamento amoroso amaldição se repetirá. Diz o dito popular que a mulher que carrega essamaldição procura sempre uma encruzilhada para se transformar naassombração. Daí percorre “sete povoados, ao longo daquela noite, e seencontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos”; Por isso mesmo para não ser atacado, os mais velhos aconselham quequem a vir tem que jogar-se rapidamente de bruços no chão e esconder osolhos, as unhas, e os dentes. Embora não se saiba qual o motivo dessefascínio da mula por essas partes do corpo, dizem que essa estratégiafunciona e que feito isso a besta se afasta. Há ainda outras versõesmenos conhecidas dessa lenda: * uma que atribui a metamorfose damula-sem-cabeça à perda, pelas moças, da virgindade antes do casamento;* * outra faz referência a uma rainha que tinha o hábito de devorarcadáveres de crianças no cemitério. Certa noite, tendo sido seguida eflagrada pelo rei cometendo o ato delituoso, teria se transformado naaberração e saído em disparada pelas matas para nunca mais reaparecer.* Há ainda versões que envolvem a maldição do padre e não da moça.Nesses casos o padre é condenado a passar a eternidade transformando-seem um “padre-sem-cabeça” que sai nas noites de lua cheia assustando aspessoas. Dizem que às vezes é visto correndo a pé e outras montado emum cavalo fantasma.

    quinta-feira, 16 de abril de 2009

    "PERNA CABILUDA"





    Quem nunca ouviu que "... Galeguinho do Coque não tinha medo da Perna-cabeluda..."?Uma das lendas urbanas mais curiosas do Nordeste, a Perna Cabeluda, uma entidade sobrenatural que assombrou muito as ruas do Recife durante a década de 70. Materializando-se onde menos esperava-se, a entidade, que composta apenasde uma única e exclusiva assombrosa perna cabeluda, desferia poderosos golpesde ponta-pé, geralmente no traseiro de suas vítimas, transeuntes desavisados que caminhavam pela rua; Preferência belas moçoilas desacompanhadas anoite, não descartava trabalhadores voltando do serviço e senhoras idosassaindo da missa, pessoas que logo encurraladas em algum beco, sofriam inúmeraspernadas; logo após o ataque fugia saltitante, a criatura pela periferia pernambucana.
    Esse é um dos raros casos míticos onde a mídia influencia diretamente o imaginário popular, ela se propagou muito graças ao rádio e manchetes de jornais, ganhando status de histeria coletiva; As pessoas tinham medo de sair de suas casas durante anoite, e em todo canto havia relatos de avistamento da criatura, instaurando assim um natural "toque de recolher".
    A horripilante criatura, segundo a crença popular, era parte restante de um desalmado matricida; Ao que parece, o sujeito teria assassinado a mãe a chutes, e fora amaldiçoado; Assim sua alma padece no inferno enquanto a perna, a arma do crime, assombra as noites de Pernambuco a espera de uma vítima.
    Essa lenda bastante contada e difundida na Literatura de Cordel, acabou tornando-se um dos personagens preferidos do Nordeste assim como Padre Cícero e Lampião. Ela foi muito revisitada nos Shows de Chico Science e Nação Zumbi em momentos performático na música "“ Banditismo por uma questão declasse" no qual Chico dançava com uma perna de pano estufada, e depois ajogava para o público.
    A Perna Cabeluda é um bom exemplo de como surgem algumas criaturas folclóricas,o escritor Raimundo Carreiro, dá uma das inúmeras versões para o surgimento dessa lenda. Ele e Jota Ferreira tinham um programa de rádio numa faixa AM de Recife, e uma noite, entre uma música e outra soltavam notas humorísticas, uma delas foi mais ou menos assim:
    "...Acaba de chegar em nossa redação a informação de que Seu Benedito,guarda-noturno, chegou em casa depois de uma jornada de trabalho e ao deitar-separa dormir ao lado de sua esposa. Ouviu um barulho, e ao olhar para baixo viu uma perna cabeluda embaixo da cama!" A intenção era sugerir, com a imagem da perna cabeluda, a presença do "Ricardão", o amante da esposa. Anota provocou muitos risos, e no dia seguinte, eles voltaram com outra nota."E atenção, minha gente... João da Silva, morador da Imbiribeira, chegouem casa de viagem, e para sua surpresa viu a perna cabeluda fugindo pela portada cozinha!" E aí não parou mais. Usada inicialmente como uma
    sinédoque visual,a perna acabou ganhando vida própria. Uma outra versão enfatiza que um repórterde plantão na emergência do Hospital da Restauração viu chegar, de ambulância,um rapaz todo "estropiado" por ter levado uma surra. O repórter,então, perguntou ao coitado quem tinha sido o agressor. E a resposta foi:"num sei... só vi uma perna cabeluda me chutando!"
    Na minha versão, como fomentador, me pergunto, será essa a perna renegada do Saci,e como seria um crossover entre os dois?

    sexta-feira, 10 de abril de 2009

    O BOTO





    Diz uma lenda amazônica que os botos, mamíferos cetáceos que vivem nos rios amazônicos, nas noites de lua cheia próximas da comemoração da festa junina transformam-se em homem e vão às festas da região, viram um homem bonito e forte, um rapaz bem vestido, bronzeado e muito perfumado que convida as moças para dançar e depois as seduzem, as levam para margem do rio e as engravidam. O boto nunca tira o chapéu, pois esconde seu segredo, um buraco na cabeça por onde ele respira, ele também toma muito cuidado para ir embora das festas antes do amanhecer.
    Toda donzela era alertada por sua mãe a tomar cuidado com flertes que recebia de belos rapazes em bailes ou festas. Por detrás deles poderia estar a figura do boto, um conquistador de corações, que poderiam engravidá-las e abandoná-las.
    Por essa razão quando um rapaz desconhecido aparece em uma festa usando chapéu, pede-se que ele o tire para garantir que não seja um boto. Daí deriva o costume de dizer quando uma mulher tem um filho de pai desconhecido, que ele é "filho do boto".

    quinta-feira, 2 de abril de 2009

    Romãozinho



    Há quatrocentos e tantos anos vivia uma família de lavradores no imenso vale do Carinhanha, perto de Cocos, no estado da Bahia. Constituía-se opequeno grupo de três pessoas: marido, mulher e um filho, rapazola de seus 12 a 14 anos.
    O menino chamava-se Romão, ou Romãozinho. Era travesso e mentiroso; muitas vezes fora motivo de brigas em casa, pois contra a mãe imaginara enredos, bem forjados, para contá-los ao pai,homem trabalhador e honesto, mas grosseiro o mais que podia. Acresce ainda que acreditava sempre nas invencionices do filho, suposta vítimade maus tratos nunca havidos.
    Certo dia, a mãe de Romãozinho determinou que ele fosse à roça levar almoço ao pai. O menino tomou oprato e partiu. Na primeira curva, porém, assentou-se num toco e devorou toda a comida, deixando para o pai apenas os ossos da galinha que sua mãe cozinhara naquele dia. Ao chegar ao destino entregou oprato ao pai, como se nada houvesse acontecido. Calmamente, o homem encosta o machado, asenta-de à sombra do arvoredo e descobre o prato afim de matar a fome. Ao verificar o logro, pergunta ao filho o que representava aquilo. Romãozinho, vestindo-se de anjo, responde-lhe quenão sabia, pois da mesma maneira que recebera o embrulho da mãe, lh'o entregara. Podia adiantar apenas que, naquele dia, havia sido preparado arroz com galinha.
    O pai de Romãozinho regressou à casa, imediatamente, e lá não quis saber de explicações. Chicoteou a esposa o mais que pôde.
    A pobre mulher, vendo-se castigada assim tão injusta e degradantemente em vista da traição da parte do menino, filho de suas entranhas, ajoelha-se ali mesmo e exclama com as mãos para os céus:
    — Deixe estar, Romãozinho, que você não terá o céu, nem o inferno. Tenho fé emDeus, meu filho, que você há de ficar zanzando pelo mundo, a aborreceras pessoas na terra!
    Era a praga da mãe contra o filho maldito.
    Naquele mesmo instante morria Romãozinho.
    E passou a cumprir a sentença.
    Até hoje ele existe, se bem que conhece o mundo inteiro, pois dá notícias de tudo e de todos.
    Não gosta de cidades. Prefere a vida das fazendas, principalmente os arredores de Januária, Manga, Poções, Cocos e Imburanas.
    Costuma chegar a um sítio e lá ficar muito tempo, cometendo estrepolias.
    Respeitamuito as donas de casa e as ajuda nos serviços domésticos, rachandolenha, carregando água, lavando vasilhas na fonte, ou varrendo a casa eos terreiros. Serve de mensageiro, levando cartas a pessoas distantes e, quando lhe pedem, arranja dinheiro emprestado, retirando-o de cofrese gavetas de algum ricaço alhures, voltando a colocá-lo no dia marcadopelo seu solicitante e benfeitor, no mesmo lugar e da mesma forma, istoé, às escondidas.
    E ai de quem faltar com a palavra!
    É invisível, mas sua presença é notada por seus assobios, ou quando trabalha, pelo movimento dos onjetos que utiliza.
    Quandoo aborrecem, comete desatinos, atirando pedras no telhado, quebrando pratos, enchendo as panelas de estrume de gado, às vezes nela satisfazendo suas necessidades fisiológicas.
    Gosta de freqüentarolarias e modelar grosseiros trabalhos de cerâmica. Se não lhe amassamo barro, zanga-se e danifica os tijolos frescos sulcando-os com osdedos, ou esborrachando-os com os pés.
    Sente fome e sede comoqualquer vivente e reclama a sua alimentação na hora certa, primeiroque todos. Do lugar de costume, Romãozinho apanha a comida e se dirigea alguma sombra próxima. As pessoas vêem o prato suspenso, na alturadas mãos de um rapazinho movimentar-se rumo ao lugar escolhido. Não gosta e nem admite que se preparem galinhas.
    Nunca envelhece e continua pensando e agindo como dantes fora.
    Dizem, até, que adoece e, quando leva uma estrepada, um ferimento qualquer, uma contusão, procura ele o remédio, às vezes chora e soluça.
    (Martins, Saul. "Romãozinho". O Diário. Belo Horizonte, 19 de março de 1950)